
Este pronunciamento foi feito na aldeia de Randali, no Estado de Kebbi. Um grupo de muçulmanos fanáticos, conduzidos por Yaro e Abdullahi Ada, prenderam Umaru ao chão e o assassinaram, alegando que ele havia blasfemado contra o profeta Maomé.
Tudo aconteceu no dia 14 de julho de 1999, mas os ecos da tragédia reverberaram na sexta-feira, 25 de abril, no Supremo Tribunal da Nigéria, em Abuja, onde foi confirmada pena de morte para Ada e para os outros envolvidos com o assassinato do cristão.
O juiz George Oguntade ordenou que Ada seja enforcado. Há um ano, o Supremo Tribunal já tinha condenado Ada, Yaro e Abubakar Dan Shalla à morte pela forca. Também foram condenados três outros cúmplices da morte.
Pena de morte para muçulmanos e cristãos que blasfemarem
A sharia (lei islâmica) está em vigor em Kebbi e em 11 outros Estados no norte da Nigéria. Entretanto, supostamente deveria apenas ser aplicada a muçulmanos. E o julgamento da Suprema Corte também estendeu aos muçulmanos a legislação "antiblasfêmia."
Líderes muçulmanos no Estado de Kano, no norte da Nigéria, pediram uma lei nacional contra a "blasfêmia", deixando os líderes cristãos com o medo de que lei islâmica fosse aplicada para condenar arbitrariamente os cristãos à morte. As decisões de tribunais seculares para o assassinato de Umaru têm como fundamento a legislação de "antiblasfêmia".
O governador do Estado de Bauchi, Mallam Isa Yuguda, pediu para que a sharia seja incorporada na Constituição nigeriana. Além de Bauchi e Kano, outros Estados do norte que implementaram a sharia são Gombe, Níger, Yobe, Borno, Kaduna, Katsina, Jigawa, Kebbi, Sokoto e Zamfara.
O reverendo James Zoaka, da Igreja dos Irmãos em Kano, contou sobre o medo de líderes cristãos de que uma lei "antiblasfêmia" aprovada na Assembléia Nacional empreste legitimidade aos pretextos evocados por fanáticos muçulmanos contra os cristãos locais.
Arrependimento e perdão
“No islã, qualquer pessoa que fale contra o profeta Maomé terá a pena de morte com certeza, mas no cristianismo, o arrependimento é para todos os que cometem pecado", disse o reverendo James Zoaka. "Esta é a razão por que nós não podemos apoiar a chamada lei antiblasfêmia."
O reverendo Nelson Jebes, da Igreja Evangélica de Cristo na Nigéria, disse ainda que uma lei nacional "antiblasfêmia" é inaceitável. "A lei seria usada contra os cristãos que seriam acusados falsamente de blasfêmia", disse. "Nós vemos cristãos inocentes que são acusados injustamente de terem blasfemando e eles foram atacados. Por isso, criar uma lei que sustente tais reivindicações "é como legalizar a ilegalidade".
Samuel Salifu, secretário geral da Associação Cristã da Nigéria, disse que a acusação muçulmana de "blasfêmia" está se confundindo. "Por que os muçulmanos deveriam se queixar de blasfêmia quando o livro santo deles, o Alcorão, blasfema contra Jesus Cristo?", ele disse. "O Alcorão diz que Jesus não é filho de Deus e isso não é blasfêmia? Muçulmanos têm que aprender a ser tolerantes e a permitir paz para reinar neste país."
Fonte: Missão Portas Abertas
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